Já contei aqui sobre o primeiro retorno que tive de leitores do meu livro, Procura-se um Coração, que veio do Colégio Saint Michel, em Curitiba.
Um dia recebi um email da Claudia Flores contando que o livro havia sido adotado na sua turma. Claudia contou ainda que ela e seus colegas, antes mesmo de ler o livro, haviam feito uma mobilização na cidade pela doação de órgãos, porque a mãe de uma das meninas da turma estava na fila de transplantes. Era algo muito parecido com o que eu havia escrito no meu livro!
Desde então passei a me corresponder com algumas alunas do Colégio Saint Michel e com a Jacinta Caron, sua diretora pedagógica, que foi quem descobriu meu livro. E tive a honra de ser convidada para o Fórum de Encerramento do Projeto Teia da Vida, no dia 29 de outubro, que seria a culminância de tudo que foi feito na escola sobre o tema da doação de órgãos.
Infelizmente uma otite muito forte me impediu de viajar até Curitiba para conhecer de perto essa garotada tão bacana, mas fui muito bem representada no evento pelo meu amigo virtual Gilberto Tissei, que está na fila de transplantes e coincidentemente mora em Curitiba.
Gilberto me contou tudo. Cada sala de aula se empenhou em fazer um trabalho focado em um determinado assunto sobre doação de órgãos: medula, ossos, rim, coração, figado. Os visitantes entravam nas salas de aula e recebiam informações dos alunos. E assim, de sala em sala, conheciam diversos aspectos dos transplantes e das doações.
Agora, finalmente, recebi as fotos do evento, que aqui estão. Fico muito, mas muito orgulhosa de ter, de alguma forma, participado dessa mobilização tão bonita feita por esses jovens maravilhosos e seus professores, que deram um show de sensibilidade e amor ao próximo escolhendo um tema tão difícil como a doação de órgãos para trabalhar.
Como todo jornalista, adoro uma boa história. E encontrei uma quando fiz uma reportagem especial sobre transplante de órgãos no Brasil para a revista Marie Claire. Mesmo depois da revista nas bancas, a lembrança das pessoas nas filas de transplantes permaneceu por muitos meses. Até que um dia Manuela nasceu na minha imaginação. E com ela vieram Biel, Julia, Pedro, Dani e toda uma turma de adolescentes cheios de vontade de viver e de defender a vida.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Toc da Branca de Neve é finalista de concurso de contos para blogueiros
Conheci no blog Fio de Ariadne, um espaço muito legal para quem gosta de literatura, um concurso de contos inspirados em contos de fadas. Resolvi participar e meu conto foi um dos seis finalistas! Agora todos serão submetidos a um juri de blogueiros que escolherá o vencedor junto com a audiência do blog. O melhor conto receberá um exemplar do livro Contos de Fadas de Perault, Grimm, Andersen & Outros, da Editora Zahar, que é parceira do blog no concurso.
Quer ajudar a escolher o melhor conto? Conheça o blog Fio de Ariadne!
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O TOC DA BRANCA DE NEVE
A princesa Branca de Neve tinha motivos de sobra para fugir do castelo. O rei havia morrido e sua boa vida de princesa estava com os dias contados. Sua madrasta, que havia ocupado o trono, planejava fazer uma grande redecoração no castelo, trocando tudo de lugar. Como tinha horror a ambientes desarrumados, Branca de Neve resolveu fugir para a floresta.
Quando anoiteceu, a princesa acomodou-se no tronco de uma árvore e dormiu. Ao acordar na manhã seguinte, viu-se rodeada de veados, coelhos, passarinhos e outros bichinhos curiosos. Perguntou-lhes se conheciam um lugar onde pudesse comer e descansar e foi levada até uma clareira na floresta, onde havia uma pequena casa. Ao entrar, Branca de Neve deparou-se com uma cena que a deixou aterrorizada: roupas espalhadas pelo chão, restos de comida nos pratos largados sobre a mesa, móveis empoeirados. Uma grande bagunça tomava conta do lugar.
Chocada, Branca de Neve reuniu os bichinhos da floresta, que prontamente obedeceram as suas ordens de varrer, lavar, guardar e arrumar a casa. Depois que tudo ficou absolutamente limpo, ela juntou as sete pequenas caminhas que havia em um dos quartos e adormeceu. Estava tão cansada que não despertou nem mesmo quando os donos da casa chegaram. Eram sete simpáticos anões, que trabalhavam numa mina de ouro da floresta. Quando viram Branca de Neve, eles se encantaram com sua beleza e decidiram protegê-la, velando seu sono ao lado dos bichinhos.
Na manhã seguinte, Branca de Neve apresentou-se aos donos da casa, que a convidaram a morar com eles, pois nunca haviam visto sua casa tão bonita e arrumada. A princesa aceitou, mas disse que seria necessário organizar a rotina da casa dali em diante, para que todos vivessem satisfeitos e em paz. Os anões aceitaram sorridentes a proposta de Branca de Neve, acreditando que dali em diante, na companhia da linda princesa, viveriam muito mais felizes.
Alguns dias depois, a vida dos anões havia se transformado num inferno de trabalho o organização doméstica. Sob as ordens de Branca de Neve, Mestre preparava as refeições da casa, todas nutricionalmente balanceadas, enquanto Zangado arrumava e servia a mesa segundo as mais rígidas regras da etiqueta. Soneca lavava as roupas diariamente, separando as peças brancas das coloridas, enquanto Dengoso as passava uma a uma. Atchin fazia as camas e arrumava as gavetas ao mesmo tempo em que Feliz varria e tirava o pó da casa, cuidando ainda de manter as flores dos vasos sempre viçosas. Dunga era o titular da meticulosa limpeza diária do banheiro, enquanto os bichinhos da floresta cuidavam do jardim para que estivesse sempre limpo e arrumado.
Um dia, voltando da mina de ouro para casa, onde mais trabalho os esperava, os anões encontraram um guarda florestal. Esperando que alguém pudesse ajudá-los, contaram o que estavam passando nas mãos de Branca de Neve. O guarda penalizou-se de sua situação e disse que, se pudesse, faria algo para ajudá-los. Os anões tiveram então uma ideia: o guarda iria até sua casa disfarçado de príncipe e veria de perto a vida sofrida que eles estavam levando. E denunciaria a princesa às autoridades do reino por exploração de minorias.
Naquela noite, depois que acabaram suas obrigações domésticas, os anões foram para a sala, onde Branca de Neve os esperava para contar como havia sido o seu dia. Mas antes que ela começasse a falar, alguém bateu na porta. Era o guarda, que se apresentou como um príncipe de um reino próximo que viajava e havia se perdido na floresta. Sem desconfiar, Branca de Neve o recebeu, pedindo a Mestre e Zangado que preparassem algo na cozinha para servir ao convidado.
A princesa Branca de Neve tinha motivos de sobra para fugir do castelo. O rei havia morrido e sua boa vida de princesa estava com os dias contados. Sua madrasta, que havia ocupado o trono, planejava fazer uma grande redecoração no castelo, trocando tudo de lugar. Como tinha horror a ambientes desarrumados, Branca de Neve resolveu fugir para a floresta.
Quando anoiteceu, a princesa acomodou-se no tronco de uma árvore e dormiu. Ao acordar na manhã seguinte, viu-se rodeada de veados, coelhos, passarinhos e outros bichinhos curiosos. Perguntou-lhes se conheciam um lugar onde pudesse comer e descansar e foi levada até uma clareira na floresta, onde havia uma pequena casa. Ao entrar, Branca de Neve deparou-se com uma cena que a deixou aterrorizada: roupas espalhadas pelo chão, restos de comida nos pratos largados sobre a mesa, móveis empoeirados. Uma grande bagunça tomava conta do lugar.
Chocada, Branca de Neve reuniu os bichinhos da floresta, que prontamente obedeceram as suas ordens de varrer, lavar, guardar e arrumar a casa. Depois que tudo ficou absolutamente limpo, ela juntou as sete pequenas caminhas que havia em um dos quartos e adormeceu. Estava tão cansada que não despertou nem mesmo quando os donos da casa chegaram. Eram sete simpáticos anões, que trabalhavam numa mina de ouro da floresta. Quando viram Branca de Neve, eles se encantaram com sua beleza e decidiram protegê-la, velando seu sono ao lado dos bichinhos.
Na manhã seguinte, Branca de Neve apresentou-se aos donos da casa, que a convidaram a morar com eles, pois nunca haviam visto sua casa tão bonita e arrumada. A princesa aceitou, mas disse que seria necessário organizar a rotina da casa dali em diante, para que todos vivessem satisfeitos e em paz. Os anões aceitaram sorridentes a proposta de Branca de Neve, acreditando que dali em diante, na companhia da linda princesa, viveriam muito mais felizes.
Alguns dias depois, a vida dos anões havia se transformado num inferno de trabalho o organização doméstica. Sob as ordens de Branca de Neve, Mestre preparava as refeições da casa, todas nutricionalmente balanceadas, enquanto Zangado arrumava e servia a mesa segundo as mais rígidas regras da etiqueta. Soneca lavava as roupas diariamente, separando as peças brancas das coloridas, enquanto Dengoso as passava uma a uma. Atchin fazia as camas e arrumava as gavetas ao mesmo tempo em que Feliz varria e tirava o pó da casa, cuidando ainda de manter as flores dos vasos sempre viçosas. Dunga era o titular da meticulosa limpeza diária do banheiro, enquanto os bichinhos da floresta cuidavam do jardim para que estivesse sempre limpo e arrumado.
Um dia, voltando da mina de ouro para casa, onde mais trabalho os esperava, os anões encontraram um guarda florestal. Esperando que alguém pudesse ajudá-los, contaram o que estavam passando nas mãos de Branca de Neve. O guarda penalizou-se de sua situação e disse que, se pudesse, faria algo para ajudá-los. Os anões tiveram então uma ideia: o guarda iria até sua casa disfarçado de príncipe e veria de perto a vida sofrida que eles estavam levando. E denunciaria a princesa às autoridades do reino por exploração de minorias.
Naquela noite, depois que acabaram suas obrigações domésticas, os anões foram para a sala, onde Branca de Neve os esperava para contar como havia sido o seu dia. Mas antes que ela começasse a falar, alguém bateu na porta. Era o guarda, que se apresentou como um príncipe de um reino próximo que viajava e havia se perdido na floresta. Sem desconfiar, Branca de Neve o recebeu, pedindo a Mestre e Zangado que preparassem algo na cozinha para servir ao convidado.
O guarda passou horas agradabilíssimas ao lado de Branca de Neve e acabou aceitando seu convite para passar a noite na casa. Foi dormir impressionado com a perfeição de sua anfitriã e chegou a pensar que os anões exageravam nas suas reclamações. Mas tudo mudou na manhã seguinte, quando o guarda acordou e olhou pela janela do quarto onde estava. Branca de Neve comandava energicamente o trabalho dos bichinhos da floresta, fazendo-os varrer e limpar todos os cantos do jardim. Sequer uma folha caída das árvores deveria ficar pelo chão!
A madrasta, ao receber do guarda florestal as denúncias de maus tratos a animais praticados por Branca de Neve, mandou buscá-la na casa dos sete anões e internou-a numa clínica para tratamento de transtorno obsessivo compulsivo. Felizes por poderem voltar à sua antiga rotina de bagunça, e satisfeitos por terem ganho a amizade do guarda florestal, os sete anões e os animaizinhos da floresta foram felizes para sempre.
A madrasta, ao receber do guarda florestal as denúncias de maus tratos a animais praticados por Branca de Neve, mandou buscá-la na casa dos sete anões e internou-a numa clínica para tratamento de transtorno obsessivo compulsivo. Felizes por poderem voltar à sua antiga rotina de bagunça, e satisfeitos por terem ganho a amizade do guarda florestal, os sete anões e os animaizinhos da floresta foram felizes para sempre.
sábado, 13 de novembro de 2010
Procura-se um Coração tem sorteio no Twitter
Quem ainda não conhece o Twitter, não sabe o que está perdendo. Não sou ainda uma usuária “de peso” em termos de seguidores, mas tenho conhecido pessoas fantásticas por lá. Uma delas é o José Gilberto Tissei, de Curitiba, que criou o @doadordeorgaos (www.twitter.com/doadordeorgaos). Ele aguarda na fila por um rim e enquanto isso usa seu conhecimento profissional em tecnologia da informação para divulgar a causa da doação de órgãos.
Em meados de 2009 Gilberto começou a estudar o Twitter e percebeu o potencial viral que esta ferramenta possuía. Criou então um twitter com o objetivo de divulgar toda e qualquer informação, notícia ou campanha que encontrasse na internet para conscientizar as pessoas sobre a doação de órgãos. Mais tarde ele incorporou também a doação de medula óssea, doação de sangue e recentemente a doação de leite materno no mesmo twitter. Com isso, já alcançou a marca de mais de 11 mil seguidores! Uma vez, ele lançou um concurso de frases pelo twitter sobre doação de órgãos e recebeu mais de 600 frases! Fantástico, não?
Eu e Gilberto nos encontramos no Twitter em outubro. Conversamos um pouco e mandei para ele o meu livro. Ele gostou muito e teve a ideia de promover o sorteio na internet, que vai acontecer no dia 21 de novembro, um domingo. Quem quiser participar, basta estar logado no twitter e clicar no seguinte link : http://ow.ly/39oSh
Em meados de 2009 Gilberto começou a estudar o Twitter e percebeu o potencial viral que esta ferramenta possuía. Criou então um twitter com o objetivo de divulgar toda e qualquer informação, notícia ou campanha que encontrasse na internet para conscientizar as pessoas sobre a doação de órgãos. Mais tarde ele incorporou também a doação de medula óssea, doação de sangue e recentemente a doação de leite materno no mesmo twitter. Com isso, já alcançou a marca de mais de 11 mil seguidores! Uma vez, ele lançou um concurso de frases pelo twitter sobre doação de órgãos e recebeu mais de 600 frases! Fantástico, não?
Eu e Gilberto nos encontramos no Twitter em outubro. Conversamos um pouco e mandei para ele o meu livro. Ele gostou muito e teve a ideia de promover o sorteio na internet, que vai acontecer no dia 21 de novembro, um domingo. Quem quiser participar, basta estar logado no twitter e clicar no seguinte link : http://ow.ly/39oSh
Finalizando, reproduzo um trecho de uma reportagem publicada sobre Gilberto no jornal Santuário de Aparecida:
“É difícil pensar no futuro e em expectativas enquanto a gente aguarda um órgão para se manter vivo. Minha preocupação maior é evitar o sofrimento da minha família por causa do meu problema, e estar tranquilo para no dia seguinte ver o sol brilhando ou as nuvens flutuando no céu no caso de Curitiba. Acredito que voltarei a exercer minha profissão de forma efetiva, porém com mais cautela quanto aos exageros. Quero estar mais disposto para poder desfrutar a vida junto a minha família e principalmente ao meu neto que esta hoje com 11 meses. Quero estar mais vezes com minha mãe, minhas irmãs, meus sobrinhos, enfim todos os familiares que moram longe. Vou querer tomar algumas cervejas com os amigos e depois ir ao banheiro como todas as pessoas normais.”
Boa sorte, Gilberto! E obrigada "de coração" por sua amizade virtual!
Lucia Seixas
“É difícil pensar no futuro e em expectativas enquanto a gente aguarda um órgão para se manter vivo. Minha preocupação maior é evitar o sofrimento da minha família por causa do meu problema, e estar tranquilo para no dia seguinte ver o sol brilhando ou as nuvens flutuando no céu no caso de Curitiba. Acredito que voltarei a exercer minha profissão de forma efetiva, porém com mais cautela quanto aos exageros. Quero estar mais disposto para poder desfrutar a vida junto a minha família e principalmente ao meu neto que esta hoje com 11 meses. Quero estar mais vezes com minha mãe, minhas irmãs, meus sobrinhos, enfim todos os familiares que moram longe. Vou querer tomar algumas cervejas com os amigos e depois ir ao banheiro como todas as pessoas normais.”
Boa sorte, Gilberto! E obrigada "de coração" por sua amizade virtual!
Lucia Seixas
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Por que jornalistas se tornam escritores?
Um dos aspectos mais fascinantes de exercer o jornalismo é a possibilidade de conhecer mundos novos, pessoas diferentes, ter acesso a experiências que jamais seriam possíveis, caso não se tivesse a tarefa de reportá-las. Este privilégio profissional pode surpreender e até mudar o rumo de uma vida. O encantamento com uma atividade, situação ou causa é capaz de roubar o jornalista de sua profissão, levando-o para outros caminhos de trabalho e gratificação.
No início de 1999, há pouco mais de dez anos, uma reportagem me faria experimentar algo assim. A Lei de Transplantes, elaborada para organizar os procedimentos de doação e transplantes de órgãos no Brasil, era então uma novidade e uma grande revista feminina me encomendou uma matéria sobre a situação das pessoas que aguardavam por um transplante no país.
Naquele tempo, cerca de 70% das pessoas que estavam nas filas de transplantes não conseguiam receber um órgão. Nos hospitais superlotados, poucos profissionais se dedicavam à viabilização dos transplantes. As pessoas não imaginavam que a morte cerebral era irreversível, mesmo quando o coração continuava batendo, e algumas acreditavam que órgãos poderiam ser retirados dentro dos hospitais sem o consentimento das famílias.
A matéria foi feita e publicada, mas a pauta me parecia ainda aberta. Depois que se conhece como vivem as pessoas que estão nas filas de transplantes, tudo muda. Era preciso aumentar a evidência daquela angustiante realidade, propagar informações corretas sobre os transplantes, promover mais discussão sobre a doação. Era importante também que a morte deixasse de ser um tabu, pois valores fundamentais afloram quando refletimos sobre a nossa finitude e o que será feito do nosso corpo depois que deixamos essa vida.
Foi assim que um dia comecei a escrever o livro Procura-se um Coração, que conta a história imaginária de Lela, uma adolescente que vê sua vida transformada quando sua mãe adoece e entra numa fila de transplantes. Depois surgiram os amigos de Lela, seus amores, sua família, seu cotidiano em casa e na escola. Ao longo da história, os jovens se deparam com as questões críticas dos transplantes de órgãos, mobilizam-se em torno delas, propõem saídas. E assim eu me tornei uma escritora.
Felizmente muitos avanços aconteceram na área de transplantes do nascimento do livro até a sua publicação. Mas ainda há muito por fazer. Apesar de contar hoje com uma das leis mais modernas do mundo para transplantes, existem no Brasil 69 mil pessoas aguardando por um órgão e a falta de consentimento das famílias ainda é o terceiro fator para a não doação, atrás da não notificação dos hospitais aos Centros de Transplantes da existência de possíveis doadores e da contraindicação médica para a cirurgia.
Procura-se um coração nasceu e foi lançado com esse propósito: estimular a discussão sobre a doação de órgãos e se tornar um instrumento para esclarecimento da questão para os jovens. No futuro, como profissionais atuantes na sociedade, eles poderão tornar a doação de órgãos um procedimento mais corriqueiro, para que a incrível tecnologia médica que já conquistamos para essas cirurgias em nosso País possa salvar mais vidas.
Lucia Seixas, jornalista e escritora,
autora do livro Procura-se um Coração, da editora FTD.
No início de 1999, há pouco mais de dez anos, uma reportagem me faria experimentar algo assim. A Lei de Transplantes, elaborada para organizar os procedimentos de doação e transplantes de órgãos no Brasil, era então uma novidade e uma grande revista feminina me encomendou uma matéria sobre a situação das pessoas que aguardavam por um transplante no país.
Naquele tempo, cerca de 70% das pessoas que estavam nas filas de transplantes não conseguiam receber um órgão. Nos hospitais superlotados, poucos profissionais se dedicavam à viabilização dos transplantes. As pessoas não imaginavam que a morte cerebral era irreversível, mesmo quando o coração continuava batendo, e algumas acreditavam que órgãos poderiam ser retirados dentro dos hospitais sem o consentimento das famílias.
A matéria foi feita e publicada, mas a pauta me parecia ainda aberta. Depois que se conhece como vivem as pessoas que estão nas filas de transplantes, tudo muda. Era preciso aumentar a evidência daquela angustiante realidade, propagar informações corretas sobre os transplantes, promover mais discussão sobre a doação. Era importante também que a morte deixasse de ser um tabu, pois valores fundamentais afloram quando refletimos sobre a nossa finitude e o que será feito do nosso corpo depois que deixamos essa vida.
Foi assim que um dia comecei a escrever o livro Procura-se um Coração, que conta a história imaginária de Lela, uma adolescente que vê sua vida transformada quando sua mãe adoece e entra numa fila de transplantes. Depois surgiram os amigos de Lela, seus amores, sua família, seu cotidiano em casa e na escola. Ao longo da história, os jovens se deparam com as questões críticas dos transplantes de órgãos, mobilizam-se em torno delas, propõem saídas. E assim eu me tornei uma escritora.
Felizmente muitos avanços aconteceram na área de transplantes do nascimento do livro até a sua publicação. Mas ainda há muito por fazer. Apesar de contar hoje com uma das leis mais modernas do mundo para transplantes, existem no Brasil 69 mil pessoas aguardando por um órgão e a falta de consentimento das famílias ainda é o terceiro fator para a não doação, atrás da não notificação dos hospitais aos Centros de Transplantes da existência de possíveis doadores e da contraindicação médica para a cirurgia.
Procura-se um coração nasceu e foi lançado com esse propósito: estimular a discussão sobre a doação de órgãos e se tornar um instrumento para esclarecimento da questão para os jovens. No futuro, como profissionais atuantes na sociedade, eles poderão tornar a doação de órgãos um procedimento mais corriqueiro, para que a incrível tecnologia médica que já conquistamos para essas cirurgias em nosso País possa salvar mais vidas.
Lucia Seixas, jornalista e escritora,
autora do livro Procura-se um Coração, da editora FTD.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
PARA QUE MAIS CRIANÇAS DESCUBRAM O MUNDO ATRAVÉS DOS LIVROS
O Baú de Leitura está entre as iniciativas do projeto Projeto Compartilhe, da ong Visão Mundial, que vai premiar três projetos nas áreas de esporte, cultura e educação, tecnologia e economia solidária.
Se for contemplado, o Baú de Leitura vai poder enviar 100 livros de romances, contos e crônicas, e 700 kits (com caderno, caneta, lápis de cor, giz de cera, borracha, cola, tesoura, apontador, cola) para crianças e jovens das cidades de Itinga (MG), Caraí (MG), Fortaleza (CE), São José da Tapera (AL), Duque de Caxias (RJ) e Manaus (AM).
Se for contemplado, o Baú de Leitura vai poder enviar 100 livros de romances, contos e crônicas, e 700 kits (com caderno, caneta, lápis de cor, giz de cera, borracha, cola, tesoura, apontador, cola) para crianças e jovens das cidades de Itinga (MG), Caraí (MG), Fortaleza (CE), São José da Tapera (AL), Duque de Caxias (RJ) e Manaus (AM).
Com o Baú de Leitura, as crianças são incentivadas a desenvolver o prazer pela leitura através de oficinas de literatura, valorização da cultura e conhecimento de sua história e literatura regional.
Para saber mais sobre o Baú de Leitura, clique aqui.
Para saber mais sobre o Baú de Leitura, clique aqui.
Eu votei no Baú de Leitura! Para votar também, clique aqui.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Hoje é o Dia Nacional da Doação de Órgãos!
Hoje, dia 27 de setembro, muitas pessoas estão se mobilizando no Brasil pelo Dia Nacional da Doação de Órgãos. Saiu no site Planeta Sustentável, da Editora Abril, uma resenha bacana sobre o livro Procura-se um Coração!
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Colégio Saint Michel, em Curitiba, mobiliza-se pela doação de órgãos
Os alunos do colégio paranaense estão desde o início do ano mobilizados numa campanha em busca de um doador de medula óssea para a mãe de uma das alunas. Ao lerem Procura-se um Coração, que foi adotado na escola, eles constataram que a história era muito semelhante ao que viviam! Hoje a escola está muito engajada na causa e no próximo dia 3 de setembro os alunos participarão da campanha Paraná em Ação, quando irão vestidos com camisetas personalizadas com o tema DOAÇAO DE ORGÃOS. Vejam as fotos da campanha realizada pelos alunos do Colégio Saint Michel em maio desse ano:
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
O lançamento
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